terça-feira, 25 de junho de 2013

Retrato

Olho-te. E enquanto olho para ti observo-te. E enquanto te observo contemplo-te. Memorizo-te. Decoro-te.
Começo a pintar-te no papel numa ingénua tentativa de perpetuar a tua memória em mim. Como se conhecesse o futuro, como se previsse o passado. Mas infelizmente não o consigo prever. O mundo está tão trocado que o que já vivi não passa de uma mera suposição. E o futuro de uma mera fantasia.
Abdicamos tempo dos outros para nos conhecermos a nós próprios. Deixamos o mundo de parte para elevarmos os nossos egos penosamente rebaixados.
E finalmente apaixonamo-nos. Mesmo quando deixamos de procurar. Mesmo quando prometemos desistir.
E de repente o nosso mundo volta a rodar para o lado certo.

Despacho-me e pinto um retrato teu. O fim pode chegar, desta vez já estou preparada.

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